quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Carta de Mariana Cassab à Milton Temer - Sobre o 2o Turno das eleições 2010

‎1) No governo PT foram criadas 214 Institutos Federais Tecnológicos, 10 novas universidades e 45 extensões universitárias. Encampou políticas de contratação de professores e outros funcionários efetivos. Para se ter uma ideia, quando come...cei a trabalhar na universidade, em 2004, 60% do Departamento de Didática da Faculdade de Educação da UFRJ era de professores substitutos. Hoje o quadro é totalmente diferente. Houve também, aumento salarial e mais verbas voltadas ao incentivo à pesquisa científica (leiam este artigo publicado na Nature http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17002).
Já o governo PSDB desestruturou as universidades públicas. FHC não criou nenhuma universidade, extensão e nem IFES, além de abandonar as instituições federais de ensino existentes. Não foi realizado um concurso durante os oito anos de sua gestão. Não houve aumento real do salário de docentes e outros servidores. Não houve incentivo à pesquisa e à extensão e nem bolsas de auxílio estudantil. Eram poucos os professores efetivos e muitos foram estimulados a se aposentar em função das reformas na previdência encaminhadas. Ocasionando uma revoada de professores para a iniciativa privada. Perdemos 1/3 dos doutores e mestres que demoram anos para serem formados (http://www.youtube.com/watch?v=wZ8DTdVJ-1k). No caso da UFRJ empossou um interventor como reitor. Neste endereço http://cynthiasemiramis.org/2010/08/17/lembrancas-vida-universitaria-no-governo-fhc/ , a autora faz um relato do que era a universidade na era FHC.
A gestão Serra no governo de São Paulo em relação à educação não foi diferente. Tratou os professores em greve com bomba de gás Lacrimogêneo. (http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/governo-serra-enfrenta-greve-dos-professores-com-prisao-e-censura.html) . O campus da USP foi invadido pela polícia, fato que só aconteceu durante a ditadura militar.
2) No Governo Lula o salário mínimo passou de R$ 200, para R$ 510, um aumento de 155% e aumento real de 53% acima da inflação. Nos governos FHC, o reajuste real acumulado do salário foi de 27,7%, nos governos Lula foi de 71,9 % - antes disso a década de 50 foi a única em que o SM teve ganho real. (http://www.dieese.org.br/esp/notatec86SALARIOMINIMO2010.pdf e Tabelas e gráficos do Salário Mínimo Real desde 1940 http://www.dieese.org.br/esp/salmin/tabela.zip - fonte: http://juanitocaminero.blogspot.com/2010/10/tres-razoes-de-porque-voto-na-dilma-com.html) . Foram 11 milhões de empregos formais criados. O governo FHC criou, em oito anos, apenas 780 mil. R$524 bilhões em investimentos em infra-estrutura, enquanto que na gestão anterior não houve nenhuma. A política era de privatização e Estado mínimo. Início do governo PSDB a dívida pública representava 38% do PIB, ao final passou para 78%. A carga tributária que era de 27% e passou para 38%. ( http://www.youtube.com/watch?v=wZ8DTdVJ-1k).
3) Houve uma significativa distribuição de renda. Nítido aumento da capacidade de consumo da população através de mecanismos de transferência de renda. E ai me refiro a bens básicos. 23 milhões saíram da linha da miséria. Transcrevo a informação obtida no endereço http://juanitocaminero.blogspot.com/2010/10/tres-razoes-de-porque-voto-na-dilma-com.html : “Fazem parte dessa estratégia o Bolsa família, o aumento do Salário Mínimo, o subsídio à habitação, ao crédito para agricultura familiar, financiamento de implantação de bens de consumo coletivo (como o saneamento). Aliás, a distribuição de renda não é só por estratos sócio-econômicos, mas é também uma estratégia de distribuição da renda no território. Há uma centena de programas que transferem recursos para os municípios interessados em implementar os programas federais. (Assim, há mais controle e coordenação das políticas.) Os dados mais fáceis de acessar são os da melhora na distribuição de renda: o índice de Gini subiu 17%, a renda dos 10% mais pobres cresceu 72%, a dos 10% mais ricos, cresceu apenas 11,2%, o percentual da população abaixo da linha de pobreza caiu de 26% para 14% no governo Lula. Há muitos dados Sobre diminuição da Miséria em: http://www.fgv.br/cps/Pesquisas/miseria_queda_grafico_clicavel/FLASH/ e nos links sugeridos”
Mesmo assim se vocês ainda não se sentirem seguros em relação ao voto em Dilma, - mesmo frente a números tão expressivos que significam muito mais do que números, mas melhorias especialmente para a vida dos trabalhadores e projetos distintos de Brasil -, talvez muito em função dos escândalos relacionados à gestão PT, peço que examinem com cuidado as denúncias de corrupção atribuídas ao governo Lula . De preferência dando pouca credibilidade aos meios de comunicação que citei acima. Hoje a internet integra uma rede de sites e blogs muito interessante e diversa e não comprometida com um pequeno grupo de famílias poderosas. vocês sabem que PT e o presidente Lula não governam este país sozinho. Para garantir a governabilidade, infelizmente, é preciso fazer algum tipo de concessão (claro que há limites nisso) a partidos e políticos duvidáveis. infelizmente a questão da corrupção é estrutural e não seria abolida de nossa cultura política em apenas oito anos de gestão. É preciso examinar criticamente a campanha que o candidato do PSDB faz como o “político do bem”. Neste endereço (http://www.consciencia.net/corrupcao/documentos/fhc-45escandalos.html) há uma lista de 45 escândalos relacionados à gestão PSDB. É função do governo garantir que as instâncias responsáveis tenham poder e autonomia para coibir atos de corrupção e punir, o que o governo do PT tem sido bem mais efetivo se comparado à gestão anterior. A polícia federal, por exemplo, efetuou 3000 prisões na gestão PT, contra 80 na FHC. Enfim, aqui discorri sobre alguns dos pontos que me fazem ter a absoluta certeza em relação ao meu voto em Dilma Rousseff, no dia 31 de outubro (o cineasta Jorge Furtado disserta neste artigo sobre dez falsos motivos para não votar em Dilma http://www.casacinepoa.com.br/o-blog/jorge-furtado/dez-falsas-raz%C3%B5es-para-n%C3%A3o-votar-na-dilma. Vale ler). Críticas ao governo do PT devem ser feitas. Mas dentre elas é impertinente dizer que Dilma e Serra, PT e PSDB, são as mesmas coisas. Como acabo de mostrar acima, existem evidentes diferenças entre eles. Nosso voto significa um posicionamento em relação a estas diferenças. Com todo respeito, mesmo que alguém não se alinhe à gestão do PT, tenho imensa dificuldade de compreender como é possível ignorar diferenças tão brutais. Votei no candidato Milton Temer. Caso este não se posicione, não conte mais com meu voto! Ass: Mariana Cassab